Os danos causados pelo aborto

Escrito por Cláudio R. Garcia para uma reflexão profissional sobre o tema.

Pesquisas e dissertações entre obstetras e psicólogos traçam uma linha tênue que aponta as diversas sequelas físicas e emocionais que um aborto deixa. Sendo elas: síndrome pós-aborto que vem acompanhada de depressão, sentimento de culpa, angústia, ansiedade, conflito familiar, solidão, medo, comportamentos autopunitivos, transtornos alimentares, além de apresentarem maior tendência ao alcoolismo e ao uso de drogas, psicose, frigidez, aversão ao parceiro, frustração de seu instinto materno, desordens nervosas, insônia, neuroses diversas, doenças psicossomáticas; além de suicídio.

O relacionamento interpessoal, frequentemente, fica comprometido depois do aborto provocado. Na parte física, fala-se sobre hemorragia, infecção uterina, dificuldade para engravidar ou abortos espontâneos recorrentes, perfuração do útero, ruptura do colo do útero, laceração uterina causada pelo uso de dilatadores, retenção de restos da placenta, tétano, esterilidade, inflamações nas trompas e no útero, tromboflebite venosa, embolia pulmonar, anemia, risco de lesão no intestino, bexiga ou trompas, possibilidade de extração do endométrio, possibilidade de placenta prévia na gravidez seguinte, histerectomia, próxima gravidez ectópica e até mesmo morte. Os prematuros que sobrevivem, com frequência, são excepcionais apresentando: paralisia cerebral, disfunções neurológicas etc. 

A psicóloga clínica hospitalar Cristina Mendes Gigliotti Borsari dedicou sua dissertação de mestrado à investigação das vivências femininas pós-aborto. No trabalho apresentado ao Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC/FMUSP), intitulado “Aborto provocado: uma vivência e significado. Um estudo fundamentado na fenomenologia”, Cristina constatou que tanto as mulheres que sofrem um aborto espontâneo quanto as que se submetem ao procedimento ilegal apresentam o discurso de culpa. 

Um estudo realizado em 1980 em pacientes submetidas a aborto mostrou que, durante a primeira semana após o aborto, entre 40 a 60% das mulheres questionadas referiram reações negativas. Dentro de um prazo de 8 semanas após o aborto, 55% expressou culpa, 44% queixaram-se de distúrbios nervosas, 36% de distúrbios no sono, 31% tinha remorsos em relação à decisão de abortar e 11% tinha sido prescrita com medicamentos psicotrópicos pelo médico de família. 

Uma sondagem realizada a 260 mulheres (3), muitas das quais procuravam informação sobre aconselhamento pós-aborto e que já se tinham submetido a pelo menos um aborto enquanto adolescentes, mostrou que de uma forma geral estas mencionaram ter:  

  • “flashbacks” relativos ao momento do aborto;  
  • crises de histeria;  
  • sentimento de culpa;  
  • medo do “castigo de Deus”; 
  • receio pelas suas próprias crianças;  
  • agravamento de sentimentos negativos no aniversário da data do aborto ou quando exposta a propaganda a favor da liberdade de escolha (do aborto);  
  • interesse excessivo em mulheres grávidas e em bebês;  
  • visões ou sonhos com a criança abortada  consciência de terem falado com a criança abortada antes do aborto.

Mulheres que tinham um historial de mais de um aborto induzido referiram com mais frequência: 

  • um período de forte alívio após o aborto; 
  • uma história de abuso sexual enquanto crianças;  
  • ódio aos homens que as engravidaram;  
  • ter terminado o relacionamento com o seu parceiro após o aborto;  
  • dificuldade em manter e desenvolver relacionamentos pessoais;  
  • ter adoptado um comportamento promíscuo;  
  • ter-se tornado autodestrutiva;  
  • começar ou aumentar a utilização de drogas depois do aborto;  
  • sentimentos de ansiedade;  
  • medo de outra gravidez;  
  • medo de ter de recorrer a outro aborto;  
  • efeitos emocionais tão severos impeditivos de qualquer atividade em casa, no trabalho ou de qualquer relacionamento pessoal;  
  • ter experimentado um esgotamento nervoso algum tempo após o aborto induzido. 

Nos atendimentos em psicologia clínica e em psicologia de grupo nos casos de aborto, podemos – enquanto profissionais – perceber o efeito psicossomático que acontece no decorrer do ato. O inconsciente fala e se manifesta, além do ego e superego, além das razões lógicas e razões pensadas elaboradas pelo raciocínio existem emoções e produções inconscientes. 

Portanto, quando essa pessoa recorre a este artefato (o aborto), o inconsciente gera uma cobrança, como a culpa sobre a vida que está envolvida. Todas as formas de justificativa existentes hoje que tentam colocar o aborto como um direito livre, são questões racionais que não levam em conta o emocional, não levam em conta o inconsciente e acabam tirando a possibilidade de vida. Nós psicólogos, como profissionais da saúde emocional, devemos observar, pontuar e orientar sobre os efeitos destrutivos que surgem após a prática do aborto, temos como referências essenciais os estudos de Pierre Weil, Rüdiger Dahkle, Daniel Goleman, Cristina Cairo, Jung, Reich, que comprovam o que está sendo explanado nessa nota na psicopatologia psicossomática.

Tendo em vista as consequências desse ato para a pessoa, para família e o quanto esse corpo tem falado, o quanto esse sentimento e esse conteúdo vem do inconsciente para somatizar, tornando essa opção um caminho inadequado, de sofrimento que deve e pode ser evitado, concluo essa nota deixando a reflexão para que os setores de saúde possam gerar orientações precisas, métodos preventivos e ações de conscientização sobre o tema eminente. 

Cláudio R. Garcia
CRP 59364/06

Psicólogo Analítico, Professor de Pós-Graduação em Arteterapia, Supervisor e Palestrante.

REFERÊNCIAS: 
  • Rüdiger Dahkle – Doença como Símbolo 
  • Daniel Goleman – Inteligência Emocional 
  • Pierre Weil – O Corpo Fala 
  • Cristina Cairo – Linguagem do Corpo 
  • Carl Gustav Jung – Obras Completas 
  • Glauco Ulson – O Método Junguiano 
  • William Reich – Obras Completas
  • Report of the Committee on the Operation of the Abortion Law (1977). Ottawa: Supply and Services, pp.313-321. 
  • Ashton, J.R. (1980). The Psychosocial Outcome of Induced-Abortion. British Journal of Obstetrics and Gynaecology 87(12):1115-1122. 
  • Reardon, D. (1994). Psychological Reactions Reported After Abortion. The Post-Abortion Review 2(3):4-8 https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/04/24/proposta-de-emenda-a-constituicao-contra-aborto-sera-votada-dia-8- de-maio-na-ccj

ÍNTEGRA: https://drive.google.com/file/d/1-fmHmpkycpZNvR1WAIx7B5eaAXq8QQor/view?usp=sharing

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