Infectologista da Unicamp coloca Brasil como novo epicentro mundial da pandemia de covid-19

Matéria da repórter Rose Guglielminetti.

Professora da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a médica infectologista Raquel Stucchi acredita que o Brasil é o novo epicentro mundial da covid-19. Em entrevista ao programa Bastidores do Poder, da Rádio Bandeirantes de Campinas e TV Band Mais, Raquel disse que a conclusão se dá com base em dados e números apresentados pelo próprio Ministério da Saúde. Ontem, terça-feira (05/05), esses números apontavam 114.715 infectados e 7.921 óbitos no País.

A tese mostrando que o Brasil era o epicentro mundial da doença começou a ser divulgada ontem, embasada em um estudo realizado por pesquisadores brasileiros independentes e voluntários. A partir de um levantamento com data final em 4 de maio, o grupo estimou que o país, naquele dia, tinha entre 1,3 milhão e 2 milhões de casos confirmados da doença, mais do que o registrado nos Estados Unidos, atual epicentro, com mais de 1,2 milhão de casos, segundo monitoramento da universidade norte-americana John Hopkins. Já o número de mortos pelo coronavírus estaria entre 10 mil e 12 mil.

Para chegar à estimativa, os pesquisadores, que apresentaram os estudos no Portal Covid-19, usaram modelos matemáticos que têm como base a Taxa de Letalidade da Coreia do Sul, um dos poucos países que tem conseguido realizar testes em massa – o que sugere que o índice seja mais próximo do real. A Taxa de Letalidade dos Casos é ainda ajustada a partir de um deslocamento temporal entre o registro de óbitos e a confirmação de casos.

Diante da gravidade do quadro, a professora defende que os municípios que têm 90% das (Unidades de Terapia Intensiva) UTIs ocupadas, como é o caso das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, em vez de pensar na flexibilização da quarentena, terão de adotar medidas mais duras de isolamento para preservar vidas. Nos outros municípios, ela entende que a crise econômica se sobrepõe, forçando o relaxamento por o Estado não ter as condições de países da Europa e Ásia para obrigar a permanência em casa dos cidadãos.

Raquel alerta que a situação do Brasil é diferente da dos Estados Unidos também, onde o alastramento da pandemia ficou restrito em grandes centros. No Brasil, de acordo com ela, a doença se espalhou por todo o território nacional, com um número grande de casos em área continental. A pesquisadora acredita que a explosão de casos nos vários cantos do País se deu porque a adesão à quarentena nesses locais ficou aquém do necessário e que a transmissão foi mais controlada onde os governos conseguiram manter taxa de isolamento maior ou anteciparam as medidas de contenção da pandemia.

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