A intolerância religiosa de Olavo de Carvalho

Não é de hoje que o guru do presidente ataca religiões nas redes sociais, sendo as religiões de matrizes africanas as mais evidenciadas.

Intolerância religiosa é crime no Brasil.

A Lei Nº 9.459/1997 que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor, determina:

“Artigo 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.”

“Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
Pena: reclusão de um a três anos e multa.

§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de qualquer natureza:
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.

§ 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião ou origem:
Pena: reclusão de um a três anos e multa.”

A Constituição Federal em seu Artigo 5º garante que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. E determina que:

 VI –  é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias.

Olavo usa as redes sociais para ridicularizar religiões de raiz africana como Umbanda e Candomblé, associando a fé com rituais de magia negra e feitiçaria. Olavo é convicto ao afirmar que essas religiões atraem desgraça e má sorte.

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No site UOL, em uma matéria intitulada “A verdadeira cultura negra”, ele diz:

“Quando ouço falar de “cultura negra”, saco do meu exemplar da “História da Inteligência Brasileira”, de Wilson Martins, e esfrego-o na cara do interlocutor:
Cultura negra? Cultura negra para mim é o Aleijadinho, é Gonçalves Dias, é Machado de Assis, é Capistrano de Abreu, é Cruz e Sousa, é Lima Barreto. Quer Vossa Senhoria me explicar como esses negros e mulatos puderam subir tão alto, numa sociedade escravocrata, enquanto seus netos e bisnetos, desfrutando das liberdades republicanas, paparicados pela ‘intelligentsia’ universitária, não conseguem hoje produzir senão samba, funk e macumba e ainda se gabam de suas desprezíveis criações como se fossem elevadíssima cultura?”

Ainda no site UOL, Rodrigo Casarin fez a seleção de alguns textos de Olavo e selecionei o primeiro onde Olavo despreza o sofrimento da escravidão e da cultura do continente africano, veja:

“É no tópico da religião que reivindicações do movimento black chegam ao cúmulo do absurdo. Por que um branco deve tomar os cultos africanos como elevadas expressões de cultura negra se a maioria dos negros que há no mundo se converteu ao Islã e hoje abomina esses cultos como idolatria politeísta? Um xeque negro, pregando numa mesquita de Adis Adeba ou de Nova York, lhes dirá que o culto afro é a desgraça da raça negra, um resíduo do tribalismo que deve ser sepultado no esquecimento, como os árabes sepultaram seus pré-islâmicos. Aliás, não é preciso ir tão longe. A toda hora vejo na TV pastores evangélicos negros e mulatos dizendo que a umbanda e candomblé são religiões do capeta e apontando esses cultos como causas do milenário azar da raça negra. Alguns apelam a um temível argumento weberiano: É imaginável um país rico, próspero e culto governado por praticantes de vodu? A economia da Suíça com a religião do Haiti?
A verdade é que a contribuição cultural das religiões africanas ao mundo é perfeitamente dispensável, tão dispensável que mais da metade dos negros que há no mundo vive perfeitamente bem sem ela e jamais trocaria a língua árabe por um dialeto iorubá ou a ciência europeia pelas receitas de macumba do sr. Verger. A verdade, amigos negros, é que vocês perderam a corrida da história – pagando talvez pelas maldades cometidas na época do esplendor faraônico -, se dispersaram e enfraqueceram, e acabaram sendo escravizados e vendidos aos portugueses pelos mesmos semitas – pois árabes são semitas – em cujo lombo desceram o chicote sem dó no tempo da construção das pirâmides. Não exite povo bom: e vocês, se foram escravos por três séculos após terem sido senhores de escravos por mais de um milênio, devem agradecer a Deus pela clemência do seu destino. Perto dos judeus, escravizados por egípcios e babilônios, explorados por muçulmanos, expulsos daqui para lá pelos cristãos e finalmente dizimados pelos nazistas, vocês são uns sortudos. E olhem bem: em cada nação por onde passaram, os judeus deixaram, em troca dos sofrimentos obtidos, um legado cultural infinitamente mais precioso do que o carnaval, o samba e outras bossas.”

Em um site, Olavo segue com disparate em afirmar que “macumba” é feitiçaria:

É possível ler outros textos vexatórios e sem nexo com a realidade religiosa nesse link: https://olavodecarvalho.org/?s=macumba

O mesmo se repete no Twitter, onde ele acredita que “macumba” é praga.

E no Facebook, em diversas postagens ele ridiculariza a religião de matriz africana:

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