Motoboys ganham por entrega, um pequeno atraso gera transtornos

Segundo uma pesquisa do WebMotors, somente no estado de São Paulo existem mais de 220 mil motoboys.

Esse número aumenta muito mais quando comparamos no Brasil: segundo o Sindimoto – SP (Sindicato dos Mensageiros Motociclistas, Ciclistas e Moto-Taxistas do Estado de São Paulo), são mais de 900 mil entregadores.

Muitos associam os motoboys com a famosa entrega de comida, mas não é bem assim, existem inúmeros ramos de entrega como: farmácia, office boy, floricultura, pacotes, correspondências, e por aí vai.

Uma estatística do DPVAT apontou que os acidentes de motocicleta com sequelas levas chega até 3,3 milhões, enquanto 2,5 milhões de acidentes grave deixaram as vítimas permanentemente inválidas e 200 mil pessoas morreram de acidentes de moto nos últimos dez anos.

Os dados gerais estão intrinsecamente ligados a um fator que cerca a vida dos motoboys: remuneração por entrega. Ganhar por entrega realizada faz com que esses profissionais arrisquem a própria vida para conseguir alcançar o ganho mensal suficiente para sobreviver e sustentar a família.

Além disso, existe um problema ainda maior: motoboys não capacitados, sem conhecimento da prática, sem EPI de segurança, alguns nem carteira de habilitação possui.

A profissão ainda não tem regras especificas para estabelecer critérios de contratação e trabalho. Isso facilita a contratação informal por pessoas não qualificadas para a profissão.

Entre as queixas mais comuns dos motoboys estão coisas rotineiras que as pessoas fazem sem pensar:

“A gente chega para fazer a entrega, aí a pessoa não sabe onde está o cartão, esqueceu onde está a chave, tem que prender o cachorro, é quinze, vinte minutos que a gente fica ali e tem que esperar porque se a gente não entrega não ganha e se espera atrasa a próxima entrega, e é o que acontece.” – relata Junior de 22 anos.

Outro motoboy relata: “O pior é quando o cliente desiste do pedido no momento da entrega porque atrasou, aí a gente toma o prejuízo, geralmente o patrão não quer saber o porque atrasou, ele desconta porque perdeu produto e a gente sai prejudicado, pagamos o que não controlamos que é a boa vontade de quem vai receber.”

Murilo conta que trabalha em três empregos de entregas: “Eu entrego revista no primeiro horário da manhã, bem cedinho mesmo perto das 5 horas, depois vou entregar marmita das 11h até as 15h, descanso um pouco e a noite eu entrego pizza das 16h até umas 02h da manhã. É assim, se não entregar não pago a faculdade e nem as contas da minha casa.” O motoboy ainda conta alguns dos contratempos que já passou e prejudicaram seu trabalho: “Cliente atrasar é fichinha, de certa forma estamos até acostumados, o f*** é quando o cachorro está solto pela rua e te ataca, quando tem linha de cerol e te corta, quando tem lixo cortante no chão e rasga seu pneu, aí não é só o dano físico não, a gente gasta pra concertar a moto e perde dias de trabalho.”

Anderson brinca: “E quando o cliente resolve te xingar, se o cliente anterior atrasa o próximo te xinga, se sua pizza demorou pra sair ele te xinga também, se o troco foi errado te xinga, se buzina te xinga, se não buzina xinga também. Passamos entre os carros, tomamos xingamentos. Somos xingados de todo lado.”

Atualmente grande parte dos profissionais de entrega não trabalham com carteira assinada, quando sofrem algum tipo de acidente não conseguem receber o seguro e muitos relataram dificuldade em receber o DPVAT.

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