Ex-prefeito de Coari solto por Kassio Nunes é acusado no esquema de pedofilia

A internauta Priscilla Weinstein publicou a informação sobre a soltura do ex prefeito.

Adail Pinheiro havia sido condenado a 57 anos de prisão por comandar um esquema criminoso de desvio de recursos e licitações fraudadas. Ele estava em cela isolada no CDPM 2, em Manaus, até ter seu pedido de habeas corpus concedido.

Outro seguidor se manifestou e revelou que o ex preso não só roubou a cidade mas como fazia parte de um esquema de pedofilia estruturado na cidade.

O jornal G1 informou em 2014:

“O Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) condenou o prefeito afastado de Coari, a 363 km de Manaus, Adail Pinheiro, a 11 anos e 10 meses de prisão em regime fechado, nesta terça-feira (18). Ele estava sendo acusado de favorecimento à prostituição, além de improbidade administrativa. Adail está preso em Manaus suspeito de integrar uma rede de exploração sexual de menores no Amazonas. A decisão cabe recurso.

Adail Pinheiro está preso, em Manaus, desde o dia 8 de fevereiro (2014) acusado de chefiar uma rede de exploração sexual de crianças e adolescentes no município de Coari, onde foi eleito prefeito três vezes. Ainda segundo o Tribunal de Justiça do Amazonas, tramitam na justiça estadual seis processos contra Adail relacionados à exploração sexual e favorecimento à prostituição. Ele também responde a diversos processos de improbidade administrativa.

A ação de pedofilia, julgada nesta terça-feira, é resultado de uma denúncia feita pelo Ministério Público em 2009, após investigação feita pela Polícia Federal (PF). O julgamento foi realizado a portas fechadas.

Em frente ao Tribunal de Justiça, um grupo de cerca de 30 pessoas fez protesto contra casos de abuso sexual de crianças de adolescentes no estado. Manifestantes usaram cartazes para cobrar celeridade nos julgamentos que envolvem de Adail Pinheiro.

O protesto, que ocorreu na Avenida André Araújo, foi organizado pelo Conselho Nacional de Direitos Humanos da Região Norte.

O Fantástico fez uma reportagem especial para relatar o caso, em 2014.

As vítimas de nove anos e quinze anos relataram:

“Eu tinha 9 anos. E a minha mãe cozinhava no barco. Eu ficava lá brincando, enquanto minha mãe estava trabalhando. Ele me estuprou dentro do barco mesmo, entendeu. Eu fiquei muito apavorada, com vergonha, nunca consegui colocar isso para fora. Hoje em dia, ele quer a minha filha”, conta uma vítima.

“Ela tem 11 anos, então ele está destruindo a minha vida inteira, porque aconteceu comigo, aconteceu com o meu sangue e agora ele quer a minha filha. É monstruoso demais”.

Leia a entrevista:

Fantástico: O que ele fez, exatamente?
Vítima: Passou a mão assim, depois ficou passando a mão. Depois tirou. Normal.
Fantástico: No seu seio?
Vítima: Aham. Aí botou a mão na minha cintura. Aí eu fiquei um pouquinho depois e saí.
Fantástico: Você achou estranho?
Vítima: Sim. Estranho.

“Ele me levou pro quarto, nossa é muito, muito. Ele me violentou, ele me estuprou, porque eu pedi para ir embora, ele não deixou”, disse a vítima.

Fantástico: Nessa época você tinha que idade?
Vítima:“Tinha 10 anos. Alguém, tem que parar esse cara, ele é terrível, é um doente, ele é um monstro tem que parar esse cara”.

A denúncia mais recente chegou ao conselho tutelar de Coari no fim de 2013: uma menina de 13 anos contou que estava sendo obrigada pela mãe a ter relações íntimas com o prefeito em troca de dinheiro.

“A denúncia diz que ela chegou a ser levada até a residência do prefeito”, disse o conselheiro tutelar José Alberto dos Santos.

Fantástico: E ela teria que fazer o que com ele na residência?
Conselheiro tutelar: Ela teria que provavelmente ter essa relação. Uma relação íntima com ele.
Fantástico: Ele chegou a oferecer dinheiro para ela?
Conselheiro tutelar: Segundo a denúncia, houve essa questão de oferecimento de dinheiro.

José Alberto chegou a gravar em vídeo o depoimento.

Vítima: O que eu faço? Ninguém consegue me responder. O único jeito é perder minha virgindade. Ele sugeriu R$ 2 mil por cada menina se eu levasse.
Conselheiro Tutelar:“Você ganhava R$ 2 mil?
Vítima: Por cada menina. Contando que seja virgem. Ele quer menina e tem que ser só virgem. Eu estou me sentindo triste porque eu não quero fazer isso.

A menina, virgem, de apenas 13 anos, foi prometida ao prefeito para a noite do último Réveillon.

“Você vê a que ponto se chegou. Você ter a virgindade oferecida por uma autoridade como brinde do Ano Novo”, disse o procurador.

Não houve o encontro. Dias antes da virada do ano, a garota decidiu sair da cidade e foi para casa de parentes em Manaus. Ela contou para uma amiga que foi espancada pela mãe.

“Inclusive eu vi os hematomas. Por ela não ter ido. Ficava tratando ela com indiferença. Entendeu? Para que ela fosse”, conta a amiga.

Em outro vídeo conseguido com exclusividade pelo Fantástico, um ex-motorista da prefeitura, Osglébio da Gama, conhecido como Canarana, conta qual o pagamento as meninas recebiam, depois do encontro íntimo com o prefeito.

“Foi dado muita coisa para ela, comprado muita coisa: máquina, celular caro, um monte de coisa foi comprado em meu nome e dado para ela. Quem dava era eu para ela. Sempre eu levava para ela dinheiro: R$ 5 mil, R$ 6 mil”, conta.

“É porque o Adail é doente. Ele é doente. Ele não é um cara assim de tesão. Porque nós vemos uma mulher bonita, a gente fala: ‘olha aquela gata ali’. Ele não, é carne de pescoço para ele. Ele quer saber daquelas menininhas novas”, destaca o ex-motorista.

A equipe do Fantástico telefonou para o ex-funcionário que aliciava as meninas para o prefeito. “No momento eu estou viajando. Eu não tenho nada a declarar”. 

“As práticas são sempre as mesmas. Troca-se dinheiro. Algumas vezes, tratamento de saúde, residência para os familiares. Ou seja: é uma compra”, disse o procurador.

O prefeito Adail Pinheiro ficou de receber a equipe do Fantástico no escritório do advogado dele em Manaus. Ele daria uma entrevista para a gente, mas na última hora desistiu. Quem recebeu a nossa equipe foi o advogado de Adail.

Fantástico: O prefeito Adail é inocente em relação à essas acusações de exploração sexual?
Advogado: Acredito que sim.
Fantástico: Ele chegou a ameaçar alguma vítima, pediu para que algum funcionário ameaçasse alguma vítima?
Advogado: Pelo que eu conheço o prefeito Adail, não é o perfil dele. O que eu vejo em Coari é uma oposição política em relação ao prefeito Adail, muito forte nesse sentido, de fomentar esse tipo de notícia e informação.

Mas as justiças federal e estadual têm muitos elementos para incriminá-lo. “As informações são contundentes. Nós estamos fazendo a coleta desse material para que a gente possa instruir e propor uma ação penal no futuro”, disse o procurador.

“Ele se diz muito poderoso, ele persegue, ele oprime e ele obriga a fazer o que ele quer, senão você não tem p\ra onde ir, você morre de fome e você sai da cidade”, conta a vítima.

“Acabou o sorriso, acaba a sua vida, tudo, tu não tem mais vida, e hoje eu estou tendo oportunidade de pôr para fora o que eu estou sentindo, que eu escondi esse tempo todo por medo. Eu não quero ser só mais uma pessoa falando, pedindo socorro e nada acontecer”, disse outra vítima.

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