Uma pesquisa recente sugere que ingerir vinho tinto pode retardar a perda muscular, principalmente em astronautas em voos espaciais de longa duração.
Comumente encontrado na casca de mirtilos, romãs e uvas, um composto chamado resveratrol pode retardar a perda muscular, podendo assim combater a perda muscular durante longas viagens pelo espaço.
O vinho já tem sido associado a benefícios para a saúde cardíaca, e agora em um novo estudo publicado pela revista Frontiers in Physiology, pesquisadores descobriram que a substância Resveratrol, um composto encontrado nos vinhos, pode diminuir a perda muscular em longos períodos de sedentarismo, incluindo durante longas viagens pelo espaço, deste modo pode ajudar a resolver o problema de viajar para Marte.
O problema de viajar para Marte
Atualmente, uma viagem só de ida a Marte levaria cerca de nove meses. Para fazer a jornada, a nave espacial em que os astronautas viajarem só terá espaço para o essencial a bordo. Como tal, não haverá espaço para equipamentos de exercícios físicos, que poderiam ajudar a tripulação a manter seus músculos fortes em ambientes de gravidade zero ou de baixa gravidade. E isso é um problema para os astronautas que poderiam um dia colocar os pés em um planeta que tem apenas 40% da gravidade da Terra.
Os músculos que sustentam o peso do corpo serão os primeiros a encolher – e sofrerão o pior – seguido por uma degradação nas chamadas fibras musculares de contração lenta, que são essenciais para a resistência. Os ossos também poderão enfraquecer.
Mas pode haver uma maneira de contornar a falta de equipamento de treino: “Estratégias dietéticas podem ser a chave”, disse Marie Mortreux, neurologista do Beth Israel Deaconess Medical Center da Universidade de Harvard e principal autora do artigo, em comunicado à imprensa.
É aí que entra o resveratrol. O composto é comumente encontrado na casca de mirtilos, romãs e uvas. Daí sua relação com o vinho, especificamente o vinho tinto.
A substância “demonstrou preservar a massa óssea e muscular em ratos durante [situações que são] análogas à microgravidade durante o vôo espacial”, explicou Morteux no comunicado. “Então, formulamos a hipótese de que uma dose diária moderada ajudaria a mitigar o descondicionamento muscular em um análogo da gravidade de Marte também.”
Resveratrol para o resgate
Para testar isso, Morteux e sua equipe estudaram 24 ratos por duas semanas. Alguns dos ratos estavam no que os pesquisadores chamam de uma situação de carregamento de 40%, em que foram suspensos de seus arreios corporais de uma forma que imitava a gravidade marciana. Outros estavam na chamada situação de carregamento normal, onde experimentaram a gravidade normal da Terra. Em cada uma dessas situações de carregamento, metade dos roedores recebeu suplementos de resveratrol, enquanto a outra metade não.
Como esperado, os ratos de “Marte” que ficaram sem resveratrol perderam massa muscular nas pernas, o aperto das patas enfraqueceu e eles viram uma queda na quantidade de fibras musculares de contração lenta que possuíam. Mas seus pares suplementados com resveratrol não experimentaram tais perdas. Na verdade, a massa de seus músculos estava quase no mesmo nível dos ratos na situação de carga normal que não receberam nenhum suplemento.
Apesar das descobertas promissoras, este ainda é um estudo com roedores. E os mecanismos por trás da impressionante capacidade do resveratrol de sustentar a massa muscular ainda não foram revelados. Além disso, os pesquisadores ainda teriam que superar o obstáculo não infundado de limpar o composto para tal uso em humanos. Até então, é pelo menos bom ponderar como algo tão despretensioso como cascas de uva pode ser a chave para os humanos um dia vagarem pelo Planeta Vermelho.
*Contém informações de Astronomy Magazine.
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