Adorado entre integrantes de seita direitista, o psicólogo foi rechaçado na comunidade psicanalítica por sua distorção a essência científica da psicologia e do desvirtuamento plagiado de conceitos fundamentais, introduzindo conceitos espiritualistas de origem.
A teoria de Szondi se baseia em experiências pessoais, pelas vivências que teve ao longo da vida, do núcleo familiar, dos traumas adquiridos com a guerra. A fundamentação é vazia, nenhuma pesquisa significativa e reconhecida por sociedades médicas e psicológicas foi aceita.
O núcleo de inspiração e vivências se baseia em modelos de compensação, buscando respostas para as próprias questões, mal elaboradas.
Por essas razões seus estudos não foram aprovados e comprovados, tratando-se apenas de uma catarse, como é possível observar nos líderes de seitas seguidores do modelo de Szondi, dotada de um grande desrespeito por obras psicológicas fundamentadas cientificamente em técnicas e pesquisas que envolveram centenas de propandos para uma investigação profunda e estruturada.
Sobre o psicólogo
Vida familiar
Lipót, ou popularmente conhecido como Léopold Szondi, psiquiatra nascido na Eslováquia, em uma comunidade judaica, filho de uma família grande, foi o penúltimo de treze irmãos.
Neto de um fabricante de botas que deixou um arrendamento agrícola para a família, a mãe era analfabeta, o pai era um judaico religioso que se tornara rabino em Budapeste e levava o filho para os ritos religiosos – apesar disso se casou duas vezes, Lipót é filho desse segundo casamento. A família teve uma vida pobre, sem muitas condições financeiras, por isso se mudaram para Budapeste, em busca de melhoria de vida, um irmão passou atuar com comércio e alimentos, outro com comércio de roupas, outro de armazém, outro diretor escolar, um outro médico, o que influenciou diretamente a carreira de Szondi, além da mãe ser muito doente e a cunhada ter um grau elevado de depressão. Ele foi casado com uma professora, teve dois filhos e, o mais dotado deles, cometeu suicídio.
Interesse por psicologia
Ao concluir a formação escolar, no mesmo ano da morte de seu pai, Lipót adotou o nome “Szondi”, depois ingressou em medicina e se especializou na área da psiquiatria, muito exercida por grandes nomes da época. Nos seus relatos ele conta que era prejudicado por professores da época primária-fundamental.
Conta-se que após a morte do pai, Lipót passou um ano de luto rezando a oração fúnebre, os seus seguidores relatam que ele teria sentido o pai incorporando seu “eu” e que essa ligação se deu pela lealdade ao judaísmo.
O russo Fiódor Dostoiévski foi um dos gatilhos do interesse do psiquiatra sobre a temática, ele contestava as obras do escritor e acreditava fielmente que se tratava de uma projeção de conteúdos ocultos da herança familiar deste. Leitor das obras de Freud, fez psiquiatra fez terapia psicanalítica com um discípulo de Ferenczi, que é mencionado apenas na biografia de Lipót, sem produções significativas para o campo.
Pseudo teoria
Em 1926 Lipót se torna livre docente. Poucos anos após o fato ele “cria” uma teoria chamada a ‘Análise do Destino e/ou Teoria Gênica’, absorvendo superficialmente conceitos psicanalíticos (Freud) e analíticos (Jung), Szondi passa a defender que a família possui uma eletividade genealógica que desenvolveria distúrbios e doenças de ordem psicológica, para justificar sua tese ele lança o “genoteste”.


A técnica foi amplamente ignorada por acadêmicos e psicoterapeutas da época. Szondi “criou” o terceiro inconsciente, o que chamou de inconsciente familiar que, segundo ele, seria de origem hereditária de transmissão genética psíquica, onde a personalidade seria transmitida por ascendentes e influenciaria a estrutura mental/emocional do paciente. Dessa forma, o paciente não teria um destino mas um patrimônio hereditário que seriam ocultas e ditaria as escolhas de relacionamentos, amizades, profissão, morte, doenças.
Através de uma vivência onírica, em 1916, ele relatou que teve uma paixão profunda por uma professora de línguas, saxônica, loira e cristã:
“Uma noite eu acordei de um sonho com medo, no qual meus pais discutiam sobre o destino trágico de meu meio-irmão mais velho. Este também estudou medicina, em Viena, mais de trinta anos antes de mim, enamorou-se também de uma professora de línguas, era igualmente loira, e de origem cristã, além de saxônica. Ele precisou casar-se com ela, antes das provas finais, e deixar a medicina. Seu casamento não foi feliz. Tudo isto aconteceu antes do meu casamento. Ele teria sentido que ‘repetiria’ o destino do irmão e afirmado que rejeitava a exigência familiar, por isso voltou ao posto de guerra e passou a questionar os modelos familiares, escolhas dirigidas de forma hereditária para um destino obrigatório, onde as exigências ancestrais se manifestariam através de sonhos “ancestrais”. Com essas experiências próprias surgiu a primeira ideia de análise do destino.
Atuando clinicamente, ele passou a estudar hereditariedade mais a fundo, buscando um cadastro de famílias que tinham crianças com deficiência intelectual, criando uma crônica familiar de duas gerações, através desses cadernos ele pressupôs que os cônjuges se casavam com pessoas que tinham a mesmas doenças na família, o que ele chamou de genético latente e afirmou que assim nasceria uma criança com deficiência intelectual. A busca do parceiro igualmente doente foi chamado “genotropismo” e criou o teste de escolha.
Segundo relatou, uma das suas pacientes deu liga para suas teorias ao relatar um quadro obsessivo, onde medicava o filho e sentia medo de envenenar a criança, apesar de ter o desejo de envenenar outras pessoas, ao comparar o caso dela com de uma senhora, descobriu que esta era sua sogra que sofria de transtornos obsessivos desde da morte do marido que foi envenenado por uma amante.
Já o teste foi criado com base em fotografia de doentes mentais para diagnosticar transtornos, para ele as colocações objetivas de Freud não eram suficientes para tratar o destino, por isso ele guiava os pacientes a confrontarem os antepassados causadores das supostas patologias e encontrar os antepassados sadios. Obviamente o teste não foi aprovado cientificamente.
Guerra, libertação, Jung
Szondi serviu como 2º Sargento da Saúde no 12º Regimento, durante o período colegas médicos foram mortos durante um ataque com bomba e ele afirmara que a eventualidade o deixou “mais crente”. Durante os encontros ele relatava as mortes e sofrimento no campo de batalha. Retornando após um ataque de vesícula biliar.
Já rechaçado por comunidades intelectuais dos estudos em psicologia, ele é obrigado a abandonar o título de professor e a direção de um laboratório na Universidade Real Húngara. Ele foi levado, em 1944, para o campo de concentração em Bergen-Belsen, abandonando suas teorias, no entanto ele consegue levar um pequeno manuscrito de suas invenções para o campo, onde passa a difundir sua tese para os internos.
Em 1944 durante uma troca de prisioneiros, 1.365 pessoas foram liberadas, entre elas Lipót, ele se estabelece com a família na Suíça e publica o livro “Análise do Destino: escolha no amor, amizade, profissão, doença e morte” baseado em suas próprias vivências e observações no campo de concentração. Jung, pesquisador renomado que transitava entre os campos de concentração para fundamentar análises, e vítima do plágio ingrato, colaborou para a libertação de Szondi.
Após o período de concentração, ele foi convidado por Oscar Forel para passar um tempo em uma comunidade para se recuperar, onde ele atuou como médico em um sanatório local e desenvolveu um pseudo método chamado psicochoque, onde ele observava a latência de uma doença para encontrar um caminho de cura.
No ano de 1946, já em Zurique onde já ela estabelecida a comunidade analítica, Szondi outra vez não foi aceito ao meio acadêmico, conseguiu apenas uma permissão para atuar psicoterapeuticamente e participava do que chamaram de Instituto de Psicologia Aplicada, reunindo um pequeno grupo de estudo.
Chegada no Brasil
Como já era de se esperar, não foram psicólogos ou psiquiatras que trouxeram a teoria delirante de Szondi para o Brasil, mas alunos seguidores dele como Pedro Balázs e Juan Alfredo César Müller, o psicólogo místico que utilizava teias de aranha e amigo íntimo de Olavo de Carvalho, obviamente teve dedo do guru, que também contribuiu ativamente para a inserção das teorias de Lipót que hoje são reproduzidas por seus alunos, chamados “olavetes”.
Leopold Szondi morreu em 24 de janeiro de 1986.
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