Operação Akuanduba: Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, pode estar envolvido na facilitação de contrabando de madeira. A Polícia Federal fez busca e apreensão no Ministério do Meio Ambiente e na casa de Ricardo Salles.
Ricardo Salles (Imagem: Sérgio Lima/Poder360)
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles está sendo investigado sob uma operação da Polícia Federal. A acusação é que seu ministério e o Ibama afrouxaram regras para facilitar a venda de madeira de origem ilegal. A Polícia Federal deflagrou a operação Akuanduba, que investiga pessoas ligadas ao Ministério do Meio Ambiente e ao Ibama. Com isso, aliados do presidente da República defendem o afastamento temporário de Salles.
Ricardo Salles foi alvo de mandados de busca e apreensão na última quarta-feira (19), além de ter os sigilos fiscal e bancário quebrados. Suspeitas levantadas pela Polícia Federal também apontam “movimentação financeira estranha” de um escritório de advocacia do qual Salles é sócio.
Também resulta da operação Akuanduba o afastamento de Eduardo Bim, presidente do Ibama, de seu cargo. O objetivo da ação é apurar suspeitas de crimes praticados por agentes públicos e empresários do ramo madeireiro, bem como: corrupção, advocacia administrativa, prevaricação, facilitação de contrabando.
De acordo com decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes:
“Os depoimentos, os documentos e os dados coligidos sinalizam, em tese, para a existência de grave esquema de facilitação ao contrabando de produtos florestais, o qual teria o envolvimento de autoridade com prerrogativa de foro nessa Suprema Corte, no caso, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo de Aquino Salles; além de servidores públicos e de pessoas jurídicas“.
A Ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Carmem Lúcia enviou em abril uma notícia-crime à Procuradoria Geral da República, baseada na investigação do ex-Delegado Federal Alexandre Saraiva. Saraiva foi demitido após ter enviado ao STF o pedido de investigação contra Salles. Leia a íntegra da notícia-crime.
Isso foi após a Polícia Federal ter realizado a operação Handroanthus GLO, a maior apreensão de madeira da história na Amazônia (aproximadamente 200 mil metros cúbicos) na divisa do Pará com o Amazonas, no começo deste ano. Ricardo Salles, no episódio, foi à área onde a madeira foi apreendida e chegou a fazer críticas à operação.
No mês passado, o ministro do Meio Ambiente também disse que a “demonização” do trabalho dos empresários do setor madeireiro pode colaborar com o aumento do desmatamento ilegal no país.
Alexandre Saraiva disse que o ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles agiu de forma explícita. Também afirmou que nunca havia presenciado algo assim durante seus quase 18 anos na Polícia Federal.
“Ele estaria atuando e favorecendo os madeireiros e isso foi feito de uma forma muito explícita. Tem vídeo dele apontando para a placa de uma empresa investigada que segundo ele ‘estava tudo certinho’ e que, na verdade, em relação a esta empresa, já existia até laudo pericial apontando as ilegalidades cometidas.”
Em uma série de publicações no Twitter, ex-Delegado Federal Alexandre Saraiva festejou a decisão judicial que autorizou a quebra dos sigilos fiscal e bancário de Salles, além de busca e apreensão em endereços ligados ao ministro, ao Ibama e ao Ministério do Meio Ambiente.
No 1º post, Saraiva publicou um link de notícia sobre a operação acompanhado da seguinte legenda: “Salmo 96:12: ‘Regozijem-se os campos e tudo o que neles há! Cantem de alegria todas as árvores da floresta’”.
Depois, ironizou novamente, escrevendo “Tudo pela Amazônia!” na legenda de uma imagem com outra notícia publicada sobre o caso. Por fim, publicou uma imagem em que uma personagem diz: “Eu te disse! Eu te disse”.
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